...O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no Jardim do Éden (no Paraíso!) para o cultivar e guardar. Deu-lhe este preceito: "Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente"...

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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Perdemos o Cagado!

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Por: Claudio Macagi

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Como todo interior que se preze o nosso Éden também possui as suas figuras marcantes, tanto pelas situações engraçadas e pitorescas, quanto pela realidade miserável e sacrificada em que vivem, são figuras quase folclóricas que sempre farão parte da história de uma cidade, pois são muitas vezes mais conhecidas e mais lembradas que muitos políticos e celebridades locais. Assim era (e ainda é) Manoel Ribeiro o nosso "Cagado", que faleceu hoje em decorrência de um tumor no pescoço. Quem diria? Foi um tumor no pescoço que o derrotou, contrariando as expectativas de quem o conhecia, pois Cagado era portador de necessidades especiais e tinha um problema sério de alcoolismo. Perambulava pela cidade de dia pedindo uns trocados pra quem encontrava pra poder comprar cachaça. Tinha mania de vagar de madrugada, às vezes até assustando alguém que se deparava com sua presença calada como um ser noturno que via o que muitos não viam e se perguntado contava o que viu na maior naturalidade, claro que a resposta sempre custava uma dose! Ora ou outra ficava cagado e fedendo, daí o apelido. O seu jeito de falar era inconfundível, pois tinha uma vóz rouca e dificuldade na pronúncia, trocava o "R" pelo "L" e acabava por ganhar imitadores pela cidade. Era um diplomata, pois conhecia todo mundo e fazia questão de cumprimentar a todos com um aperto de mãos e até mesmo um abraço, o que muitas vezes cá entre nós era difícil de encarar por causa do bafo e da catinga, mas nem por isso deixava de ser querido. Atuava como cabo eleitoral em época de campanha política e sem se importar com a legenda defendia todos os candidatos que lhe dessem um trocadinho. Mas sua principal característica era estar presente em praticamente todos os velórios da cidade e chorar verdadeiramente pela perda de um amigo, pois, na sua cabeça ele nos via a todos sem distinção de raça, credo, partido ou classe social como seus entes queridos. Acredito que Cagado era um anjo disfarçado que estava testando a nossa tolerância e a nossa "humanidade". O mais irônico é que me disseram que o seu velório que está acontecendo enquanto escrevo estas linhas está quase vazio...



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